Talvez este texto sirva para responder a pessoa que não aceita as novas traduções e as têm como obra do diabo. A questão é desafiante porque precisamos saber primeiro que tipo de pessoa é este irmão e para qual propósito ele estuda a bíblia, além de outros pormenores. Mas sei que é preciso tranquilidade e informações seguras para não colocar a bíblia em descrédito e nem levar o irmão ao esfriamento da fé. Ele precisa de clareza pois entendeu que as novas traduções da bíblia são inúteis por causa da falta de palavras, frases ou até versos inteiros e que a conclusão que chegou é que são obras do diabo. Meu trabalho é dar uma resposta clara e firme e que garanta uma decisão segura com relação às novas versões, como a NVI e outras mais.
Antes da resposta, enquanto escrevo, me veio a memória quando estive em uma reunião com um representante da Sociedade Bíblica do Brasil que veio em nossa igreja para falar sobre uma nova versão da bíblia Almeida. Na ocasião, ele deixou claro que haviam diferenças nas palavras, nos versos e na forma de apresentar. Quando perguntado o motivo de tantas alterações, ele informou que a Sociedade Bíblica trabalha com a premissa de que a cultura e a linguagem são alteradas a cada 25 anos e por isso as bíblias em sua maioria sofrem atualizações e alterações periódicas para manter a linguagem sempre moderna sem perder o valor literário, o verdadeiro propósito e a mensagem central. Eu possuo em minha biblioteca várias versões da bíblia e gosto de fazer comparações e, de acordo, com o que estou estudando consigo eleger uma versão que me dá mais segurança e clareza.
Vou partir do princípio que talvez este irmão não tenha conhecimento de hermenêutica e nunca tenha lido sobre crítica textual. É verdade que a maioria dos cristãos têm dificuldade de escolher diante de tantas opções e tantas diferenças quando comparadas, mas precisamos de respostas. No caso de versões diferentes, eu particularmente me apoio no conselho de ter outras versões comparativas para ter mais respaldos de um mesmo texto e entender o motivo de alterações entre as versões. Portanto, ainda mais importante é estar atento ao contexto para que no fim a mensagem completa seja transmitida a partir de qualquer versão. Não sei qual a intenção deste irmão ao reagir assim diante das obras contemporâneas, mas para aqueles que não tem boas intenções ou para aqueles que não interessam o bom estudo das Sagradas Escrituras, com qualquer versão ele consegue estragar a mensagem, seja nova ou antiga. Como diz Keener, “se podemos fazer com que as escrituras digam o que queremos ao levá-la para fora do contexto, não podemos realmente dizer que temos verdadeiramente uma base comum”¹.
Quero concluir dizendo a este irmão que tranquilize o coração e busque entender cada versão e como foi sua preparação, contexto e propósito. Com certeza cada tradução disponível tem sua utilidade, mas que devemos ter cuidado e examiná-las com seriedade. Quanto a serem do diabo, isso está descartado e basta que o amado irmão seja orientado por alguém mais capaz, a fim de escolher uma tradução que lhe atenda. O fato de termos versões mais funcionais e menos literal não quer dizer que devemos desprezá-las e estou de acordo com Duvall e Hays² quando fazem destaques de diversas formas para que se possa escolher uma boa tradução levando em conta a intenção, o propósito e requisitos de segurança. Assim, este irmão pode tranquilizar o coração porque mesmo com tantas diferenças é possível dar o seu devido valor e que a Bíblia é a Palavra de Deus e a mensagem central está sempre preservada no contexto geral do texto sagrado.
Bibliografía